Nossa sugestão de leitura para o mês de março de 2017 foi Menino de Deus, de Lindoberto Ribeiro.
Para começar, assumo que imaginei um livro dramático ao ver a capa, afinal, sequestro é sempre um tema que envolve violência (ainda mais envolvendo um "menino"). Porém, deparei com uma trama policial diferente do tradicional. Se você achou que nunca veria um livro deste gênero literário sem ênfase nos palavrões, na sexualidade ou na apologia às drogas, experimente esta obra. Apesar de densa, a leitura é leve e interessante.
A obra conta a saga de dois detetives particulares do Rio de Janeiro. Eles são contratados por um americano misterioso para encontrar uma mulher e uma criança. Quanto mais aprofundam a investigação, mais percebem que a dimensão do caso é internacional e que nem todos estão sendo honestos.
No livro, os sentimentos são colocados em segundo plano e a história por si só ganha força. A narração é feita como em um relatório de um caso policial: em terceira pessoa, repleta de detalhes sobre as estratégias utilizadas e sem dar uma voz mais ativa aos personagens. Acredite: o livro tem cerca de 120 páginas e somente dois travessões de diálogo entre eles. A fala dos personagens é descrita pelo narrador, que conta as reações e até ironias feitas por eles. Isto dá menos força aos sentimentos dos envolvidos na trama, como acontece no romance entre um dos integrantes da equipe com uma futura informante, mas também dá um tom de realismo, já que reforça os fatos e detalhes de toda a investigação.
No fim, a leitura é rápida e diferente. Mostra um pouco de como funciona alguns trâmites internacionais e apresenta uma misteriosa seita com hábitos alternativos, mas sem entrar nos aspectos religiosos dela. É um romance policial sem classificação indicativa e cheio de estratégias de investigação.
