Palavra do Editor - Junho de 2017

Nossa sugestão de leitura para o mês de junho de 2017 foi Quatro Décadas de Lua Minguante, de Elvis Silva Magalhães.

Para começar, esqueça o conceito tradicional de biografia. Nesta obra, tudo é apresentado em forma de literatura, como crônicas que se encaixam e conduzem com maestria a história. A riqueza de detalhes te envolve com tamanha delicadeza que é possível vivenciar a narração e sentir na pele o que é ter doença falciforme.

O título do livro já descreve a trama do livro: foram quatro décadas de luta contra a doença, que é uma doença genética e hereditária, caracterizada por uma alteração anatômica nos glóbulos vermelhos, que ficam em formato de foice (daí o "lua minguante" que nomeia a obra).

Apesar de contar detalhes sobre todo o sofrimento real do autor, o Elvis conseguiu narrar de uma forma tão interessante que a história ficou longe de ser um drama. Pelo contrário, tudo faz refletir sobre o valor da vida e sobre a importância de não desistir nunca.

O livro também traz muitas curiosidades históricas, já que o autor presenciou o crescimento do Distrito Federal e momentos marcantes, como o último show do Legião Urbana e o cenário hospitalar da época (bem precária e com tecnologia limitada).

Muito interessante conhecer a história do "Elvis adolescente", com todas as dificuldades da doença e com as estripulias de um garoto normal. Cada capítulo descreve fatos ligados a vida dele com linguagem bem divertida (como quando descreve o início do namoro) ou mais emocionante (como quando conta sobre a morte da irmã e sentimento da mãe ao ver a filha morrendo em seus braços). Tudo conduzido de uma maneira tão encantadora que não há como começar a ler e não se encantar.

Depois de "quatro décadas de lua minguante", surge o renascimento. Outro momento muito forte do livro. No fim, é impressionante perceber que não se trata de um livro de ficção e que muitas pessoas passam pelo mesmo que ele passou. O final feliz traz a esperança, não só para quem tem a doença, mas para todos que respiram e esquecem de agradecer pela saúde. Indico esta obra para todos os tipos de público.

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